Eu e meu primogênito Luiz Carlos ao lado do querido Padre João |
Essa homenagem ao meu querido Padre João Batista Soares Frota, deveria ter acontecida ontem; mas, todos sabem o que ocorreu com meu blog. Para aqueles que não tomaram conhecimento, vou repassar, em poucas palavras, até porque há compromisso meu com a Polícia Federal para não ALARDEAR muito a coisa e com o tempo, teremos o que desejamos.
Bom, na madrugada de sexta(27) para sábado(28), acessei meu blog, e para surpresa minha, encontrei-o TOTALMENTE DELETADO, SEM NENHUMA POSTAGEM, DESDE 2011!!!!
Foi dessa forma que encontrei-o; e se perceberem, do lado esquerdo, bem acima, ainda tem UMA GOZAÇÃO: HEHE! Como que quisessem GOZAR DA MINHA INOCÊNCIA, OU, CONFIANÇA DEMASIADA!
Muito bem; fiquei atônito, sem querer acreditar, mas, A REALIDADE NUA E CRUA ESTAVA ALI, À MINHA FRENTE e eu, sem poder sequer defender-me de crime tão vil e tão cruel. Fiquei indignado, mas JAMAIS O ÓDIO TOMOU CONTA DE MIM, apenas entreguei nas mãos de Deus e que seja feita a sua vontade.
Tomei as devidas providências; conversei muito tempo com meu amigo, diagramador e designer gráfico, responsável pela criação do novo layout de meu blog, o jovem MIKAEL SOUZA. Enfim, fizemos o que tínhamos que fazer; deixemos pois, esse assunto para depois.
No que diz respeito a ESSA NOVA COLUNA, INTITULADA CANTINHO DA SAUDADE, criei-a, no sentido de HOMENAGEAR PESSOAS CONTERRÂNEAS que deixaram-nos exemplo de vida ou, prestação de serviços à nossa querida Massapê.
Muitos serão os homenageados, mas NÃO PODERIA INAUGURAR ESSE ESPAÇO COM OUTRO NOME QUE NÃO O DE PADRE JOÃO BATISTA SOARES FROTA.
Entrei em contato com vários membros da família; conversei com alguns, infelizmente, O MATERIAL SOLICITADO POR MIM, AINDA NÃO CHEGOU ÀS MINHAS MÃOS, o que não prejudicará a postagem, já que teremos TRÊS CAPÍTULOS sobre o MASSAPEENSE DO SÉCULO.
Procurei dentre vários SEGUIDORES, ESTUDIOSOS E ATÉ DISCÍPULOS, algum que pudesse ajudar-me nessa árdua tarefa; encontrei na pessoa do VASCO ARRUDA, massapeense, filho do casal José Vasconcelos e Dona Auxiliadora; professor universitário, escritor, psicólogo e o mais importante: FEZ PARTE DO PRIMEIRO GRUPO DE ACÓLITOS criado por Padre João em Massapê.
Foto histórica 40 anos atrás |
Vasco enviou-me UM TEXTO TÃO RICO que não tenho nem palavras para agradecê-lo. Vou apenas transcrevê-lo e vocês, não tenho dúvidas, também ficarão encantados!
Esse, é apenas o PRIMEIRO CAPÍTULO SOBRE PADRE JOÃO; OUTROS DOIS VIRÃO...
Obrigado Vasco; sem você, essa mate´ria não sairia publicada, justamente após 49 anos de sacerdócio do nosso querido PADRE JOÃO BATISTA SOARES FROTA!
Eis a matéria enviada-me pelo amigo Vasconcelos:
Amando a Deus no próximo
Quando Jorge me pediu que escrevesse uma mensagem para a homenagem que ele pretendia prestar ao nosso querido Pe. João, neste blog, a primeira ideia que me ocorreu foi iniciar o texto com uma citação do próprio homenageado. E é o que faço agora, transcrevendo as palavras com que ele conclui o seu belo livro “Procurando as pegadas de Jesus”. Ao relatar os dias que passou, em 1965, no kiboutz Yotvata, no deserto de Farã, ao sul do deserto de Neguev, escreve Pe. João:
“À tardinha saía para contemplar o pôr do sol e o nascer das estrelas. Naquele imenso vazio escutava a voz do infinito no vento que soprava, e o contemplava na vastidão da areia e na beleza do céu estrelado. Nesta imensidão que parecia não ter limites, sentia-me muito pequenino, como um grão de areia, mas diferente dos bilhões, trilhões que ali me rodeavam, porque consciente da grandeza e perfeição do Criador de tanta beleza! Sentia-me amado por Ele, e sentado na areia e olhando as estrelas, agradecia por me ter trazido até aquele recanto, onde Ele há mais de três milênios educara seu povo e lhe dera, através de Moisés, as tábuas da lei que iria nortear a sua conduta.”
“Ali perto estava o Sinai. Aquelas areias foram testemunhas daquela teofania. Ela ressoava aos meus ouvidos em resumo magistral feito por Cristo aos Fariseus, ao lhe perguntarem sobre o maior mandamento. E Ele lhes respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração... E amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas (Mt 22,34s).”
“Naquela terra sagrada, naquele silêncio, parecia escutar a voz de Javé dizendo-me: ama o teu Deus e manifesta o teu amor a Ele, amando o teu próximo, sobretudo os mais pobres e sofridos...”
E conclui: “Pedia-lhe luz e força para realizar esta Sua ordem, e voltava para o dormitório do kiboutz, alegre e feliz pela fala de Javé, naquela noite, no seu templo imenso – o deserto!”
Ao escrever o relato, Pe. João usa a palavra teofania. Teofania quer dizer manifestação de Deus. Segundo muitos estudiosos da Mística e da História das Religiões, há um parâmetro infalível para aferir se uma pessoa vivenciou ou não uma teofania. Esse parâmetro diz respeito ao que ela manifesta, em atos, após o acontecimento. Partindo desse pressuposto, posso afirmar sem medo de incorrer em equívoco: apesar de usar o vocábulo para se referir à manifestação de Javé a Moisés, creio firmemente que, naquela ocasião, ele próprio, Pe. João, vivenciou ali, no deserto, uma teofania. Naquele solo sagrado, palmilhado pelos pés de tantas figuras bíblicas, ele afirma ter pedido a Deus luz e força para realizar a Sua ordem, amando-O na figura do próximo, sobretudo dos mais pobres e sofridos. É o que ele tem demonstrado, não apenas em palavras, mas, sobretudo, em atos, ao longo de sua vida.
Um dos maiores privilégios que Deus me concedeu na vida foi a graça de conviver de perto com o Pe. João durante a minha adolescência. Isso me proporcionou a oportunidade de, nos verdes anos da minha juventude, haurir um pouco da sua sabedoria. Fiz parte do primeiro grupo de acólitos criado por ele, o que me permitiu uma proximidade maior. Durante aqueles inesquecíveis anos, pude adquirir tanto uma boa bagagem intelectual quanto, o que é mais importante, cristã.
Quanto ao primeiro aspecto, suas viagens sempre foram um grande motivador para mim. A propósito, lembro de uma bela fotografia que o Pe. João mantinha em seu pequeno gabinete, na parede por trás do birô, na casa paroquial. A imagem mostra Jerusalém fotografada do Monte das Oliveiras, o que permite ver a cidade num ângulo de cento e oitenta graus. Aquela fotografia ficou impressa de forma indelével na minha memória. Naquela época eu pensava no quanto Pe. João tinha sido privilegiado pela oportunidade que tivera de estar naquele lugar, palco dos grandes acontecimentos bíblicos, especialmente da passagem de Cristo pela terra.
Pois bem, em 2008 Deus me concedeu a graça de fazer uma viagem a Israel. Procurei muito uma reprodução igual à que costumava ver na parede da casa paroquial, mas não encontrava. Meio decepcionado, contentei-me em adquirir uma que se aproximava daquela. Mas uma surpresa me estava reservada. Na véspera de meu retorno, quando estava pondo a mala no ônibus que me levaria do hotel em Belém, onde ficara hospedado, para o aeroporto de Tel Aviv, deparo-me com um vendedor oferecendo postais de Israel. Para minha grande alegria, dentre eles encontrei uma imagem exatamente igual e nas mesmas dimensões daquela que, durante minha adolescência, alimentou meu sonho de um dia ir à Terra Santa. Cheio de júbilo, adquiri-a no ato. Foi mais uma das delicadezas que Deus teve para comigo durante aquela viagem.
Quanto ao segundo aspecto da aprendizagem, seria pouco o espaço de que disponho aqui para falar do tanto que ganhei em minha convivência com Pe. João. Em poucas palavras, eu destacaria, em especial, sua forma tranquila e serena de manifestar uma inquebrantável fé e confiança em Deus, sem jamais descuidar de fazer sua parte. Isso é fundamental: a fé é necessária, mas Deus espera que façamos, nós próprios, o que está ao nosso alcance. Nesse sentido, levei para o resto dos meus dias uma frase que inúmeras vezes o ouvi pronunciar: “Não podemos pecar por omissão”. Ainda hoje, cada vez que me omito ante uma situação em que eu percebo que poderia fazer algo para ajudar, a frase me vem à mente. É esse um dos maiores legados que devo ao querido Mestre, de quem não ousaria me dizer discípulo, mas um admirador agradecido.
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